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 EDITORIAL 

A crônica se faz na sutileza de se opinar deixando marcas mais ou

menos imprecisas sobre o que se pensa.

 

É o texto opinativo em que a narração de um fato é utilizada estrategicamente

para apresentar argumentos que sustentem uma tomada de posição. É a escrita

em que seu autor consegue se desvencilhar da linguagem jornalística padrão,

estabelecendo interface com a Literatura, sem perder de vista a

verossimilhança dos fatos.

É o formato tipicamente brasileiro de se posicionar fazendo

graça. 

Este é o nosso modo de olhar a Copa do Mundo. É por meio da crônica que os

estudantes da disciplina de Jornalismo Impresso II, do Curso de Jornalismo da

Universidade Federal do Ceará (UFC), mergulham no universo do futebol e garimpam

dali temas relacionados a comportamento, cultura, economia, política e, por que não,

ao esporte em si.

Do casal Brumar à intolerância a grupos LGBTs em estádios de futebol. Do sete a um

aos conflitos familiares envolvendo a política brasileira. Nada foge à observação

sensível do cronista. A desnaturalização do olhar, que transforma um evento banal

em algo extraordinário, torna o trabalho desse profissional um diferencial no modo de

se fazer jornalismo. O cronista é responsável por ir além da informação objetiva, trazendo

à tona abordagens inusitadas sobre um fato social.

De natureza mista, entre a Literatura e o Jornalismo,

a crônica exige que se vagueie por aí aguçando o olhar sobre o que há de mais banal,

lançando sobre os fatos uma abordagem crítica e, ao mesmo tempo, leve. 

Em meio a tantos modos possíveis de se opinar, a crônica se destaca por uma tomada de

posição sutil, nas entrelinhas, que sugere, deixa no ar. 

Utilizada para embasar as opiniões expressas no texto, a argumentação

pode até surgir na crônica em formato tradicional, dissertativo, como geralmente ocorre em

artigos de opinião. Mas o diferencial da crônica parece ser justamente uma argumentação construída de modo quase cirúrgico, utilizando-se de estratégias sofisticadas, desde um tom irônico até um diálogo bem-humorado entre dois personagens fictícios, porém verossímeis.

A crônica pode estar em todo lugar porque ela se constrói no cotidiano, enquanto a vida

acontece. O cronista não é o autor da crônica. Ele é, na verdade, aquele sujeito responsável

por explicitar a crônica feita por todos nós nas ruas, no trabalho, no transporte público.

A crônica é do povo brasileiro. Está na risada debochada que o torcedor lança sobre

o passe atrapalhado do jogador e que o cronista, sensível que é, captura. O cotidiano

constrói a crônica. O cronista lança lente de alto alcance sobre ela. E este site compila

tais visões. 

O conteúdo desta página web é multimidiático. São crônicas em texto

escrito, videocrônicas, crônicas fotográficas, crônicas-ilustração. É que, embora ainda

focada no texto impresso, a disciplina da qual resulta este site se prepara para

passar por reformulações, e a produção deste conteúdo aponta para tais mudanças. 

Provavelmente em 2019, o Curso de Jornalismo da UFC ganhará novo projeto

pedagógico. A futura grade curricular prevê que o gênero de opinião, atualmente

discutido durante a disciplina de Jornalismo Impresso II, não mais se limitará ao texto impresso, sendo explorado por meio de diversas linguagens e suportes. 

E este produto final ensaia esses novos rumos, apresentando textos em novos suportes, porém calcados no formato crônica e no tema futebol, dois velhos e bons símbolos que reivindicamos como tipicamente brasileiros. 

o mundial pelas

lentes do cronista

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